Pensações

Pensações

domingo, 29 de agosto de 2010

Entre o ser e a medida

Quem é capaz de desenrolar um carretel, aqueles, da linha bem fina, e traçar a fronteira exata entre o incapaz e o normal, o louco e o são? Caso haja alguém com tal destreza, aviso: não será uma linha reta.

Somos feitos de muitos contornos e oscilações. Uma parte de nós pode alcançar o Himalaia e, logo na próxima medida, afundar no mais profundo dos oceanos.

Não somos isso ou aquilo. Somos muito e pouco, grande e pequeno, cheio e vazio. Tudo ao mesmo tempo.

Que medida é usada para julgar um irresponsável? Qual aparelho mede a dor de uma pessoa? E o amor que ela pode dar?

Quantas noites de amor uma mulher deve ter para nomeá-la vagabunda? E o número exato de mulheres um homem deve ter para ser um cafajeste? Pois é certo que há o cafajeste de uma mulher só e o cavalheiro de muitas.

Onde está a fita métrica que mede a sensibilidade do poeta e o verdadeiro esforço de quem é considerado operário padrão?

Quem é o órgão responsável por dar o selo de qualidade a um ser humano? Podemos ser testados pelo Inmetro?

Onde está a régua da imperfeição e a calculadora do certo? Onde?

Nenhuma teoria de Einstein explicou, Newton não criou sequer o esboço de uma lei para designar quem é quem, porque ninguém é apenas quem, uma parte de ninguém. Somos uma mistura de tudo que não se pode medir.

Julgar uma pessoa, sentenciar destinos é enfiar uma pessoa num pote hermético e socar até que ela caiba, pois para quem julga aquela é a medida certa de outrem.

Quem nesse mundo está habilitado a dizer que Bill Gates, com seus bilhões de dólares é mais feliz que meu avô que mora numa casinha no interior de Santa Catarina, onde as pessoas conversam com os animais e a cidade abriga um mar de águas mansas?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Libido

Iria lhe sorver
Quando meu calor te aquecesse
Cada gota do suor sagrado

Que acontece quando dois corpos se misturam
E se confundem
E se penetram

Todo seu líquido seria meu
E eu...
Com apenas gestos

Em oferenda
Lhe retribuiria
Todas as estradas que meu corpo percorreu.