Pensações

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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ai...os Domingos...

Eu tenho uma hipótese sobre a funcionalidade do Domingo. É, esse mesmo, o primeiro dia da semana, o último dia de descanso para quem da duro a semana inteira. Penso que aos Domingos podemos medir como está nossa relação com a nossa vida e com as pessoas que fazem parte dela.
Seria um teste. Não desses quantitativos de múltipla escolha através dos quais passamos por vários em nossa existência. Uma espécie de avaliação qualitativa de como andamos pela semana – ou como ela anda pela gente.
Domingo não tem horário pra acordar, mas tem pra dormir. Domingo não da pra beber nem se fartar de qualquer outra droga dado o compromisso com a senhora Segunda-feira. Aos domingos, almoçamos mais tarde, ou nem almoçamos. Se a família está perto, nos reunimos, se está longe, ligamos. Se temos muitos amigos, sempre há um programa, ou vários. Se for o contrário, em melhores casos, assistimos um filme que tivemos tempo de alugar no sábado, nos piores casos, assistimos Faustão.
Os Domingos, estou certa, foram criados para fazermos um balanço geral. Passar a régua.
Dormimos pouco durante a semana? Compensamos no domingo. Fizemos regime de segunda a sexta? Compensamos no domingo. Não demos atenção necessária ao namorado? Compensamos no domingo. Não deu tempo de pensar o suficiente na vida? Compensamos no Domingo.
Acho que aí está o problema da maioria dos mortais não se sentirem extremamente felizes e animados neste dia de folga. Porque pensar na vida dá trabalho. Trabalho duro e árduo. Pensar na vida dá trabalho a vida toda.
Existe um ditado – não sou afeiçoada pelos ditados – mas vai lá: ‘Cabeça vazia, oficina do Diabo’. Acho que ele foi criado em um Domingo.
Quando não estamos usando a cabeça para trabalhar, pensam alguns, ela está vazia, logo, preparada para pensar em coisas que vão além do cotidiano puro e simples, além da rotina diária do levantar e escovar os dentes, trabalhar e escovar os dentes. Então, pensamos mais e pensar pensamentos de vida não é lá a coisa mais fácil do mundo. Por isso nos tornamos oficina do Diabo. Primeiro porque pensar é a única maneira de questionar. Questionar é suspeitar da ordem. A ordem nos garante uma quantia generosa de conforto, mas o preço do comodismo é muito alto quando fazemos o balanço da vida. Se vivermos mal ou pouco, não poderemos, no final, compensar aos domingos. Estou começando a gostar desse dia....