Pensações

Pensações

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Incompetência: tolerância zero!

De todas as coisas que me causam irritação na ralação de todos os dias de meu Deus, apenas uma me vence de nocaute: a incompetência.
Parece que essa infeliz sempre está atrás de mim, seja no trânsito, nas lojas, no restaurante, na academia - nem ouso começar a falar das repartições públicas. Chego até a pensar se não seria eu o problema. Mas nisso, não posso acreditar.
Numa loja de departamento dia desses, fui comprar umas coisinhas novas para minha nova cozinha. A loja está em vários estados do Brasil e trata-se de um empreendimento comercial de grande porte. Primeiro pedi um carrinho a uma funcionária que estava bem na entrada da loja. Ela disse que os carrinhos ficavam no final do estabelecimento. Não haveria nenhum grande problema em atravessar a loja para pegá-lo, mas diante do meu curtíssimo horário de almoço, pedi a ela que pegasse um enquanto eu escolhia os itens a serem comprados.
Nunca mais vi. Nem a menina, nem o carrinho. Fui eu mesma buscar um, no que me deparo com a mesma às gargalhadas com outro funcionário. Engoli seco (talvez uma olhada de rabo de olho eu tenha dado).
Colheres, facas, forros no carrinho, vou à fila para pagar. Filão. Entre três ou quatro quiosques de caixas (acho que servem apenas para causar boa impressão), apenas uma garotinha passava lentamente as mercadorias do sortudo que estava muito à minha frente. Sortudo só por que estava no início da fila, por que estávamos todos na mesma barca furada. O leitor de código de barras estava estragado (será que estava assim em todos os outros caixas vazios?), a caixa digitava um a um a imensa extensão de números sequenciais contidas nos códigos de cada um dos produtos. Haviam mais de cinco funcionários próximos à entrada da loja, e a mesma garotinha que digitava os incontáveis números de barra, embalava os copos do sortudo. Um a um, em papel (para não quebrar) e em sacola.
Depois da maratona na fila (na qual você fica sabendo dos casos dos outros clientes, conhece cada membro de sua família incluindo cachorros, genros e bisnetos), chego na posição de sortuda.
Passo minhas mercadorias atrasada para voltar ao trabalho e vou pagar com o cartão:
"O cartão não está passando senhora, a máquina está com defeito". Pergunto-me: o leitor de códigos de barra, a máquina do cartão...o que mais?.
"Tudo bem, eu pago com cheque".
"Não aceitamos cheque, senhora".
"Olha querida (sabia que já estava vermelha), eu tenho crediário nesta loja, coloque no crediário então, por que estou com pressa".
"Senhora, o seu crediário está bloqueado. Dirija-se ao departamento de crediários".
Quase infartei. Queria descabelar aquela menina, ou fazê-la engolir pelo menos o leitor de códigos de barra!
Como precisava das mercadorias, fui até o crediário.
"Moça, estou com pressa, meu horário de almoço acabou. Fiz uma compra, não passa cartão, não aceita cheque e a menina do caixa me disse que meu crediário está bloqueado".
"Senhora, seu crediário está bloqueado por falta de movimentação".
Comecei a rir...de nervoso.
Como assim? Não devo, tenho crédito, não tenho tempo, gastei meu horário de almoço para comprar utilidades domésticas e meu crediário está bloqueado "por falta de movimentação"?
"Moça, eu já fiz compras aqui no crediário, sempre paguei em dia, meu limite é razoável, não justifica esse bloqueio".
"Senhora, são ordens da central".
"O que precisa para desbloquear?"
"Regularizar todos os seus dados e CPF, Identidade, contra-cheque, comprovante de endereço....." E a lista era longa....
Pedi para falar com o gerente.
"Senhor, eu sempre venho a essa loja e sempre saio irritada daqui. Os funcionários ficam brincando ao invés de nos atender, todos os avanços da tecnologia não são usados por que estão quebrados, a fila é enorme e eu tenho que comprar sempre, se não perco meu crédito."
O gerente anotava tudo lentamente sem pronunciar uma única palavra em um pedaço de papel de publicidade rasgado. Ao final de meu monólogo de reclamações comerciais ele se vira para mim:
"Senhora, na próxima reunião falarei de suas reclamações com os atendentes."
"Parece-me que não adiantará. O senhor não achará este recorte de papel no dia da reunião. Pelo menos para fazer vista para o cliente deveria anotar minhas reclamações em um local normal, como um caderno. Obrigada."
Sai de lá com a cara de desinteresse do gerente na mente e as mão vazias.
Para mim foi a maior prova de que a incompetência dos subordinados se deve, principalmente, à incompetência do líder.
Fui embora no meu carro que sempre está sujo por que demoro a achar um dia bom para mandar lavá-lo por que sei que o pessoal do lava-jato sempre atrasa para entregá-lo. Talvez esse seja um bom início de aprendizado de tolerância. Mas ainda prefiro me irritar com esse tipo de coisa que me juntar aos que adoram dar uma enroladinha no serviço e nos outros.
A manchete do jornal de hoje dizia:Brasil é 122º em ranking para fazer negócios, diz Banco Mundial
Se fóssemos mais competentes....

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Amores e contas

Vivemos uma crise nas relações amorosas. Claro, depois que queimamos os sutiãs na praça, não poderíamos esperar outra coisa. De todo complexo relacionado às mudanças provocadas pela emancipação das mulheres, vou falar do que mais tenho notado nos últimos tempos.
O New York Times publicou um estudo que relata que as mulheres entre 20 e 30 anos estão ganhando melhor que os homens da mesma idade. Isso se deve ao fato de que o sexo feminino está mais especializado nesta faixa etária que os homens.Há um maior número de senhoritas graduadas e pós-graduadas com esta idade.
E essa situação, na relação a dois, se reflete especialmente na hora de pagar as famigeradas contas no final da noite. Pode ser no bar, no restaurante, na boate, na comida feita ou entregue em casa. Pode ser na hora do sexo, de um agrado, de uma carona ou de um algodão doce no parque.
Os homens perderam o senso do cavalheirismo. Na verdade, eles perderam mesmo foi o bom senso. Acho que a divisão de contas é uma forma justa de encarar as despesas. Mas existem os casais que exageram. Dividem tudo, até os centavos.
A generosidade e a valorização do momento não estão sendo levados em conta. Uma noite agradável não tem preço, por que estragá-la com mediucridades, contando moedas?
Certa vez, me arranjei com um bom partido. Alto, forte, bonito, inteligente, formado e com todos os adjetivos para um HPC (homem pra casar). Quando começamos a nos encontrar na minha casa, o que é facilitado pelo fato de eu morar sozinha, sempre fazia algumas comidinhas para agradá-lo, muitas, inclusive, a pedido dele. Outras vezes pedíamos pizzas ou sanduíches. Como ele estava na minha casa, seguia a lógica de que eu deveria pagar, afinal de contas não estávamos namorando e ele era uma visita. Não sentia dele muita disposição para dividir essas contas comigo e uma aceitação muito rápida e fácil do argumento de que ele era mesmo uma visita.
Mas, isso era de fato um agrado. Eu o fazia com o melhor coração. Estava até me apaixonando por ele até que um dia perdi o encanto. Talvez alguém ache banal o que direi. Ache banal o fato de ter perdido o encanto por uma coisa tão pequena. Mas são nas pequenas coisas que identificamos os corações com os quais lidamos.
Depois de meses de pizzas, lanches, cervejas e vinhos que eu bancava na minha casa, fomos lanchar em um dia de semana na rua. Após um delongado tempo com o cardápio na mão - ele analisou o preço de cada hambúrguer, o que vinha, o que não vinha, o tamanho do bife e até do tomate etc - escolhemos o lanche (eu sempre peço o mesmo). Na hora de pagar a conta, alguém acredita que ele dividiu centavo por centavo?
Pois podem acreditar.
Concluí que naquele pequeno gesto continha a falta de generosidade de seu próprio coração. Eu paguei meu lanche e ele o dele e saí de lá com a certeza de que por mais independentes que nós, mulheres, nos tornamos
isso não implica que estamos dispostas a ficar com uma pessoa muquirana, a estar com uma pessoa que não nos enxerga e que não leva em conta as coisas que fazemos para agradar, por mais moderninho que seja.
Fico me perguntando em que mundo vive um homem que no primeiro encontro quer "rachar" as despesas. E aquele que quer dividir a conta do motel já na primeira noite? Tenho amigas que colocam gasolina no carro dos namorados para poderem ir de um bairro a outro da cidade numa sexta-feira. E o pior, tive um colega de trabalho que toda vez que dava uma carona para a namorada pegava um passe de ônibus com ela.
O dinheiro não paga nossos bons momentos. Muito pelo contrário, um possível bom momento quando calculado perde seu valor.
Não se pode perder a oportunidade de fazer agrados para quem amamos, pelo menos para quem amamos.
A mulher de hoje quer dividir as contas, mas quer também um pouco de sensibilidade de seu parceiro. Como diz minha melhor amiga em tom de arrependimento: por quê fomos queimar os sutiãs na praça?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Os políticos não foram crianças

Eu não consigo imaginar que dentre a maioria dos políticos de nosso Brasil, tenha havido algum deles que já foram crianças. Eu penso mesmo que eles já vieram prontos de algum lugar para fazer o que fazem. Eles devem ter passado por algum treinamento intensivo antes de virem para esta Terra. O difícil de aceitar é que os nossos políticos devem ter escolhido o Brasil por que foram os piores alunos. Aqui é muito fácil.
Escolher votar em sigilo é o mesmo que falar eu te amo de óculos escuros. Como?
Votaram para o Renan ficar. Em sigilo, em segredo. Ninguém sabe quem foram e por que foram. Eu só queria entender por quê isso é permitido ainda hoje? Os cargos públicos são públicos ou não são? Parece-me que não.
Quando um político nasce no coração de algum jovem, com um futuro imenso pela frente, deveria ser um sonho pessoal pelo coletivo de fazer o bem para as pessoas, de ajudar a melhorar a vida do povo. Não acredito que o sonho de seguir uma carreira política venha já com a premissa: vou aproveitar dos patetas pagadores de impostos...e um risinho irônico de canto de boca.
Mas, aí, aquele jovem se mistura, o que acontece?
Por isso acho que eles vieram prontos. De algum lugar para apontar o dedo na nossa cara e falar: tolinhos...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Primavera

Os Ypês estão lindos
Há flores por todo chão, por todo céu
O azul respingado por diversos tons

Entre algumas nuvens
Existem até amarelos voando
Sempre colorimos os pássaros de amarelo

Deus deixou cair sua paleta de cores
Sujou todo o ar

O pincél ele segura firme
Vai pintar outro lugar
Com cores que nossa imaginação não ousa alcançar.